sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

PIERCE d décio


Diz ele, o cadáver: "Mais quinze anos e serei mortuariamente centenário, com todas as honras não concedidas e (dês)graças àquelas literárias semiologia européias, com a cumplicidade americana". Quem decifrou a roseta dos signos e abriu os portais invisíveis daquela região que, primeiro, d'après Teilhard e Monod, chamei de noosfera, e depois, com Lotman, coincidência, semiosfera, viu-sed desapossado do pragmatismo que inventou, pelo barateamento eticomportamentístico de William James, e de sua maior criação, a semiótica, pela verborragia acadêmica européia, emaranhada na semiciência da psicanálise.

Pragmatismo, a realidade paramaterial dos signos e do pensamento em relação à assim chamada realidade objetiva, de impossível existência sem a primeira: novo patamar de conjunção entre objetivo e subjetivo, tortuosamente confundido com uma investigação de resultados: "Por isso, amparado por dois defuntos modernos, Hegel e Darwin, vou continuar morrendo por mais algum tempo, eu, que uni o surto do pensamento às afinidades eletivas do amoroso continuar humano, sedutor projeto de desmaterialização da sedutora matéria. Aí estou, arquivelha cabeça davídica para novas Betsabás da bela ciência, de onde saíram os metavírus sígnicos que ajudarão a explicar o stop-and-go das coisas, particularmente o versículo constituinte de toda matéria informacional: o ícone!". A ridícula circulação do termo ícone para apontar o que antes se rubricava de símbolo só encontra tão grotesco paralelo na deformação teratológica da expressão pragmatismo, fruto da repressão do puritano estamento americano. Ironia: o establishment inglês, que àquele deu nascimento, mutação do empirismo, é o lugar onde se começa a resgatar o cadáver, declarando-o o maior filósofo americano, possivelmente (quando a sua obra completa estiver publicada). E isto de obra completa passa do estranho, quando se sabe que jamais conseguiu publicar um livro em sua longa vida.

Paixão de idéias, não de fé. Requiescat in belo, Pierce. Uma idéia científica, tal como a beleza identificada, idéia sensível, leva à paz e à liberdade; uma fé leva à guerra, ao cerco e ao cerceamento. A semiologia européia não é ciência, é crença, druidismo galo-búlgaro, e está para a semiótica peirciana como a art decó para a Bahuaus. 

"Sim, há uma realidade e o mundo real é governado pela idéias". De qualquer modo, seu corpo está sendo velado pelo seu cachorro favorito, Zola. Rebelaisiano era o seu espírito, e a tudo, julgado como problema, achava necessário dar uma resposta, o que o levou, sempre e sempre, desde a adolescência de ledor de Kant, à lógica, à grande lógica, à mais que lógica, à metalógica, uma lógica perfusiva, irradiante, impregnaste, que confinava e convivia com alogismos, ilogismos, analogismo (telepatia, Svedenborg), pois que o universo e a mente não eram mais do que um vasto relógio relógio, que pulsava a partir de um primeiro olho-d'água, um sentimento,um feeling continuamente escorrente, mais adiante transformando-se em rio, barragem, dínamo, luz elétrica, pura ideagem humana integrada a um suposto exterior inseparável chamado natureza.

Nenhuma novidade aparente neste gerador conflito entre sentimento e pensamento, só que, em sua lógica geral, um é instância do outro o pensamento em nível de argumento – o conceito, o begriff hegeliano – sempre a mergulhar nel fuoco che gli afina, tal como a alma dantesca de Arnaut Daniel no purgatório, no fogo que é sentimento, primeiro ícone, abdução (a lógica da criação de hipóteses) – nenhuma novidade, só que ele lhes deu nomes solidários e dinâmicos, em sua fenomenologia/faneroscopia, nomes, figuras e diagramas que montam a sua grande lógica, chamada Semiótica, em que o sujeito não é o "eu" francês dos insuperáveis ontopsicologismos, mas um outro eu a superar-se sempre, entrando e saindo do objeto, mediador do si e do não si, tradutor sisífico dos seres e das coisas, mesmo quando não gente ou pessoa, de nome Interpretante: o foco está centrado no enigma triádico, não no egotismo. E não hesita nem diante de um deus, suposto interpretaste final.

Pierce não cria neologismo por força de vezos idiossincráticos, mas por urgência e necessidade sígnicas desbravadoras ante a sua descoberta da consciência magna caminhante de todas as coisas, segundo e seguindo o rastro de todos os signos existentes e por existir (descoberta). 

Para Peirce, amor é pensamento.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

novos links

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